quarta-feira, 21 de outubro de 2015

"Mulher solteira está incompleta"

Quantas e quantas vezes não ouvi isto... Ou pelo menos algo semelhante. Chegando perto dos 25 (pouco mais de um mes para ter 1/4 de século), ficam admirados por a minha prioridade ser de longe a de encontrar um parceiro/a. Como se estivesse a quase ultrapassar algum limite de validade.
Tenho plena noção que as pessoas na minha rica aldeia já começam a pensar em mim como solteirona, apesar de haver poucas que consideram "a miúda está a estudar" e não tem uma visão tão extremista, outras, e são bem mais "ela deve ter algum namorado naquela cidade, que ninguém sabe". E sei que tenho pessoal no meu face, que só fez pedido de amizade para "encontrar provas" da relação secreta.
Felizmente, na minha família mais próxima não sinto muito essa pressão, minha mãe já sabe que tive um relacionamento sério, e incrivelmente não fez filmes sobre isso, muito ouvi dela "primeiro a escola, depois os rapazes", já não está tão extremista, mas mesmo assim assustou-se quando falei "não preciso de gajo para ter filhos, se chegar à idade e com condições para eles".
E assim, pelos vistos somos incompletas. Alguém me explique isso. Sim, gosto de ter alguém, tive felizmente uma excelente experiência nessa campo, com uma pessoa expetacular, ainda actual grande amigo, mas em que a situação tornou-se insuportável, e acabamos. Se gostaria de voltar a ter algo assim? Claro. Mas não vou pular para uma relação pelo proximo gajo que me dê atenção. Cai ligeiramente nessa tentação, e dei-me mal. Como tal, deixo-me estar, e vou me focando o que neste momento importa.
Mas sou incompleta? Não, eu pelo menos não acho. Sou inteligente o quanto basta, querida para quem considero que o merece, educada para conhecidos e recém-conhecidos, conhecimento geral bem aprofundado em algumas áreas, não tanto noutras, curiosa, maluca no bom sentido... Tenho grandes amigos, tenho uma família caótica. Estou a estudar algo que adoro, e sinto que é mesmo o que serve para mim.
E sinto-me estúpida a ter de dizer isto para os olhares de pena que recebo, quando perguntam "E namorados?" e eu com aquela cara mais cinica possivel "não tenho tempo para eles". Ter, até tenho. Mas não vou andar a gastar tempo precioso meu num fulano qualquer.
E esta rica questão, até vem de amigas minhas, que já foram universitárias, da "grande cidade", que por vezes estão emaranhadas em relações são complicadas, passam-me horas a falar dos problemas, e mesmo assim acham que devem ter pena de mim. E algumas com relações no limiar da violencia psicológica e física. Mas elas é que tem pena de mim, porque estou incompleta.
As senhoras e miúdas da aldeia, ok, mentalidade mais antiquada. Agora amigas tão formadas como eu, ainda mais me confunde.
Digo que isto não me incomoda, o facto de estar solteira em si, não. O que me incomoda estar a ser colocada de parte por isso, por pessoal que já foi muito proximo de mim. Em que a unica coisa que sabem perguntar é "então, já conheceste alguém?". E isso é que me irrita, sinto que sou muito mais que apenas uma eventual relação +/- estável com alguém, mas só querem saber disso.
Não me cabe na cabeça ter um pessimo relacionamento. Já fugi de alguns quase relacionamentos por causa disso. E muitas poucas pessoas disseram-me "safaste-te de boa!", a grande maioria só me dizia "devias tentado mais". Ya, devia ter tentado mais com aquele que fazia questão de desrespeitar-me publicamente, ou devia tentar mais com o outro que tentou submeter-me as ideias dele, devia ter tentado mais com o pobre do rapaz que não conseguia ter 20 min de conversa coerente (Nota: com esse até tentei bastante, mas por fim já estava a faze-lo mais por pena)
Não! Isso é que não. Não vou dizer que o cabrão que há de me enganar bem enganada esteja por nascer, mas não estou para me sujeitar a ser denegrida ou estar completamente aborrecida, só por estar a cumprir um prazo de validade, quando sei que não preciso disso para ser uma pessoa preenchida.

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