quinta-feira, 23 de maio de 2013

Dedicado ao meu pai

Sinto o vento norte a bater-me na cara. Ele seca as minhas lágrimas que teimam em cair. Estou a descer a minha rua devagar, a afastar-me lentamente da minha casa.
Não está frio, mas mesmo assim, aconchego-me no casaco do meu pai, que apesar de tantas desilusões, continuo a amar…
Vou buscar o pão para o pequeno almoço, e ainda esta de noite.

(…)

Subo a minha rua, e agora o vento dá-me de trás e as lágrimas já secaram. Olho, no meio da escuridão, para a casa a que chamo de lar. Tantas memorias e mágoas que ela esconde entre as suas paredes, o que me da um nó na garganta ao aproximar-me vagarosamente dela.
Trago o pão na mão direita e uma pedra na mão esquerda, aperto-a para assegurar as lágrimas que querem voltar a cair.

(…)


Perto da porta penso em fazer um sorriso, mas prefiro simplesmente secar as lágrimas. Por mais dor que tenha, por mais más recordações que tenha, esta é a minha casa, estas são as paredes e o tecto onde as pessoas que mais amo vivem, não preferia estar noutro lugar!


(Escrito no Verão de 2008)

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